Tira logo, vai! - 8 Anos de Máscara - Por Bruno

O tempo é algo realmente muito engraçado (ou trágico, dependendo do ponto de vista de cada um). Passa tão rápido que às vezes se torna difícil acreditar que alguma coisa completou tantos anos de vida. Oito anos de vida, na verdade. Mas deixemos o tempo de lado, afinal não falaremos sobre Semana que Vem. A pauta da vez é outra.
O dia doze de março de dois mil e três foi um grande marco na vida de Pitty e na história do rock nacional. Às 15h40min, no Central MTV, estreava Máscara. Dirigido por Maurício Eça, o clipe chamou muito a atenção de todos, seja positiva, seja negativamente. Dizem que o novo sempre gera resistência, e não poderia ter sido diferente.
Enquanto alguns já adotavam o refrão da canção como um estilo de vida, outros a classificavam como um clichê barato. O importante foi que o lançamento de Máscara não passou em branco. E não demorou para que aquele single com “muita guitarra, pesada, quase cinco minutos de música com parte em inglês e o escambau”, como descrito pela própria Pitty, ganhasse espaço. A identificação das pessoas com a canção era enorme.
Ainda no começo de sua carreira, quando questionada sobre uma música que não poderia faltar em seus shows, Pitty disparou: Máscara. A preocupação da cantora com as pessoas que viviam apenas de aparência começou cedo. Segundo a Revista Atrevidinha, “(...) ela estudava em escola particular mas tinha uma vida sem muito luxo em casa. E achava estranho ser discriminada pelas amiguinhas que só vestiam roupas de grife.
Máscara bate de frente com a sociedade em que vivemos. É um soco no estômago. Uma denúncia. Mais do que isso, a música chega em tom de desafio, questionando-nos sobre nós mesmos. E aí ela se torna mais amarga. Estamos sendo verdadeiros com nós mesmos? Estamos sendo nós mesmos, ou vivendo conforme as expectativas dos outros? Afinal, ninguém merece ser só mais um bonitinho.
Capa do Single Máscara
Alguns mais ousados aproveitaram o momento para justificar suas vontades ou rebeldia, afinal, o importante era ser você. A música do refrão “bizarro, bizarro” havia grudado feito chiclé. O público atingido também merece destaque: não foram só os jovens roqueiros que curtiram. Para comprovar, basta ir a qualquer show da banda. A pluralidade de estilos na plateia chama a atenção. No vídeo release presente no single de Máscara (que você pode assistir abaixo), Rafael Ramos diz que “quando tem emoção e quanto tem verdade, pode atingir qualquer um”. Eis uma verdade incontestável.
No Planeta Atlântida do ano passado, Pitty disparou: “Essa próxima música que a gente vai tocar agora, ela foi escrita há muito tempo atrás, e é a primeira música que vocês conheceram da gente. Ela faz sentido até hoje. A gente continua vivendo numa época de ditadura da beleza que é muito chata e muito triste. Cada vez mais menininhas novas fazendo plástica e tristes com o próprio corpo só porque elas querem ser parecidas com a celebridade da capa da revista. Enquanto essa música continuar sendo uma verdade pra mim, eu nunca vou me cansar de tocar ela no palco.
Se for assim, logo, logo comemoraremos uma década de Máscara - uma canção escrita por alguém que pensou muito sobre esse assunto, mas que, além disso, fez a população refletir sobre ele também. Ponto positivo para Pitty!
E você, já tirou sua máscara hoje? Não tenha medo, é só trancar o quarto e apagar a luz.


Pitty - Making of "Admirável Chip Novo" (Video-Release Oficial)